sábado, 3 de dezembro de 2011

Cultura?


O conceito de "cultura" deve ser um dos mais difíceis de definir, existem várias perspectivas e várias opiniões, mas algumas são surpreendentes.
Ouvi dizer por aí que a Câmara de Viana do Alentejo foi a que mais investiu em cultura, e isso deixou-me numa reflexão profunda.
Surgiu logo a pergunta: será que existem mais concelhos com o mesmo nome? Andei a procurar no mapa de Portugal e realmente não existe mais nenhum, por isso peço desculpa aos excelentíssimos e digníssimos autores dessas estatísticas, mas não posso concordar, nem pensar!
Partindo do principio que cultura não é comer porco assado, nem sardinhas, que cultura não é organizar barraquinhas de comida ou passeios com idosos, ou pelo menos não é só isso, é muito mais.
Ainda há pouco tempo recebi no meu e-mail a divulgação de umas comemorações em Portel, vi que havia colóquios e exposições. Quero com isto dizer que os outros concelhos investem na verdadeira cultura, investem em investigação, investem em estudos, investem em monografias, investem em património, investem em museus, investem em bibliotecas, investem no ensino, investem nas tradições!
Agora eu pergunto:
Quantas monografias tem o concelho de Viana do Alentejo?
Quantos livros sobre a sua História?
Quantos museus?
Quantas bibliotecas?
Quanto investiram a câmara e as juntas em investigação?
Agora as respostas:
Monografias tem zero!
Livros sobre a História tem algumas, mas sem rigor cientifico!
Museus tem alguns, mas que não são divulgados, não são preservados e não estão estruturados!
Bibliotecas tem uma em cada vila, mas sinceramente eu devo ter mais livros que a biblioteca das Alcáçovas!
E é claro, a Câmara e juntas não investiram nada em investigação, porque isso não dá votos nem prestigio!
Cultura? Que cultura?
É triste ver uma pessoa, do atual executivo da Câmara, andar a escrever no seu blogs que a câmara de Viana do Alentejo foi a que mais investiu em cultura e depois quem chega a uma das vilas percebe que isso não é bem assim, porque vê monumento fechados e em ruínas, vê antigas tabernas a cair, vê antigos teatros em ruínas, vê associações fechadas, vê um posto de turismo vazio (e fechado), e já nem consegue ler os nomes de algumas ruas, uma vez que também estão em ruínas (que aliás era uma das prioridades do atual executivo, mas que devem ter metido na gaveta). E até a própria "casa da cultura" só abre uma vez por ano e apenas serve como depósito!
Desculpem lá o mau feitio, mas não gosto que me atirem areia para os olhos, por isso tenham paciência!
Mas se tivermos porco assado está tudo bem, isso é cultura! Porreiro pá!

Roberto Vinagre

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